quarta-feira, 9 de abril de 2014

Rapé de Maconha





rapé (do francês râper, "raspar") é o tabaco (ou fumo) em  para inalar.
O hábito de consumir rapé era bastante difundido no Brasil até o início do século 20. Era visto de maneiras contraditórias: às vezes como hábito elegante, às vezes como vício. Há menções ao hábito em obras de Machado de Assis em Bote de rapé e Eça de Queirós em Os Maias.
Vendiam-se caixinhas dos mais diversos materiais, nobres ou não tais como pratamadeirapapel-maché à semelhança das caixas de fósforo conhecidas como tabaqueira. Algumas eram verdadeiras jóias.
Podia-se comprá-lo já ralado e pronto para consumo, ou ainda um pedaço de fumo inteiro. Nesse caso, com um minúsculo ralador ralava-se o fumo na hora para se obter um cheiro de qualidade superior, da mesma forma como, para se obter um bom café, o grão é moído na hora.
As populações indígenas do Brasil foram as primeiras pessoas conhecidas a terem usado o tabaco moído como rapé. Eles moíam as folhas de tabaco usando um pilão feito de caviúna, onde o tabaco adquiriria também um aroma delicado da madeira. O tabaco resultante era então hermeticamente armazenado em frascos ou tubos de ossos ornamentados para preservar o seu sabor para o consumo posterior.
O uso de rapé pelos povos taíno e caraíba das Antilhas foi observada pelo monge franciscano Frei Ramón Pane na segunda viagem de Colombo ao Novo Mundoem 1493.1 2 O retorno do Frei a Espanha com rapé, sinalizaria a sua chegada à Europa, que duraria durante séculos.1
No início do século XVI, a Casa de Contratação espanhola, estabeleceu e manteve o monopólio de um comércio nas primeiras indústrias de fabricação de rapé, na cidade de Sevilha, que se tornaria a primeira produção e centro de desenvolvimento do rapé na Europa .1 No início, elas eram usinas produtoras independentes dispersas dentro da cidade, o posterior, controle estatal sobre a atividade, concentrou a produção em uma localização em frente à Igreja de São Pedro. Por meados do século XVIII, decidiu-se construir um grande e imponente edifício industrial do lado de fora das muralhas da cidade e, assim, a Real Fábrica de Tabacos foi construída, tornando-se a primeira fábrica de tabaco industrial da Europa, tornando se primeira na produção e venda de tabaco, e o segundo maior edifício da Espanha na época.1
Em 1561 Jean Nicot, o embaixador da França em Lisboa, descreveu as propriedades medicinais do tabaco como uma panaceia em seus escritos, é creditado que o rapé foi introduzido na Corte Real de Catarina de Médici para tratar suas dores de cabeça persistentes.1 3 Catarina de Médici ficou tão impressionada com suas propriedades curativas, que ela prontamente declarou que o tabaco passaria a ser denominado Herba Regina, seu selo real de aprovação ajudaria a popularizar o rapé entre a nobreza francesa.1 4
No início dos anos 1600, o rapé se tornou uma mercadoria cara de luxo.1 Em 1611, o rapé fabricado comercialmente chegou a América do Norte por meio de John Rolfe, o marido de Pocahontas, que introduziu uma variedade espanhola mais doce de tabaco para a América do Norte. Embora a maioria dos colonos norte-americanos nunca aceitaram por completo o estilo Inglês de uso do rapé, os aristocratas americanos o usavam.1 O uso do rapé na Inglaterra aumentou em popularidade após a Grande Praga de Londres (1665-1666), já que as pessoas acreditavam que o rapé tinha uma valiosa propriedade anti-séptica, o que acrescentou um poderoso impulso ao seu consumo.
Um procedimento, considerado elegante, para se cheirar rapé consistia em primeiro, fechar-se uma das mãos, na vertical. Depois esticava-se o dedão firmemente para cima. Ao fazer isso aparece, na junção da mão com o braço, um oco, produzido pelo tendão esticado do dedo. Nesse oco se coloca o pó. Aproxima-se então o pó de uma das narinas, tendo a outra tampada com o dedo indicador da outra mão. Aspira-se com força fazendo com que o pó entre pela narina e em seguida, oespirro vem.
O rapé, em tempos passados, foi o grande estimulante do nariz. Ainda é possível encontrá-lo em tabacarias, fabricados em pequenas indústrias. No Nordeste e Norte do Brasil, entretanto, os mesmos comerciantes de tabaco costumam preparar rapé artesanal e estocá-lo para venda. Esse rapé artesanal adiciona ao tabaco outras plantas, como sementes de cumaru-de-cheiro e imburanacravo-da-índiaerva-docecanela, esta última um estimulante da ação dos estrógenos sobre os órgãos sexuais, dentre outras.
Quando inalado, o rapé, muitas vezes faz causar um espirro, e este é muitas vezes visto pelo apreciadores de rapé, de longa data, como o sinal de um iniciante. A tendência para espirrar varia de acordo com a pessoa e o rapé em particular. Geralmente, os rapés mais secos são mais propensos a fazer isso. Por este motivo, os vendedores de rapé costumam vender lenços. Na comédia pastelão e em desenhos animados, se fez uso, muitas vezes, das propriedades indutoras de espirro do rapé.
Algumas tribos indígenas produzem tradicionalmente seu rapé. É considerado terapêutico, e algumas etnias também o preparam com enteógenos como as sementes de Paricá. Entretanto, o rapé indígena é apenas para consumo não-ritual, e cada etnia possui suas próprias receitas. Os hunikuins (kaxinawás) do Acre o preparam com meia porção de tabaco e meia porção de cinzas de madeiras selecionadas. Consomem o rapé com grandes canudos em forma de V chamados tipí, pois nesse caso não aspiram, e sim são "soprados" por um parceiro. Relatam que o rapé se usa para esfriar o corpo, pois quando se trabalha muito debaixo do sol, ao ir tomar banho de água fria das cacimbas, pode-se pegar um resfriado, e é bom cheirar rapé antes. Mais que estimulante, portanto, o que o uso do rapé faz é baixar a pressão.
A forma tradicional de preparar rapé é utilizando fumo de rolo. Esse fumo é vendido enrolado em palhas de palmeira. O tabaco é fracionado com uma faca (migado) e depois torrado cuidadosamente em uma panela seca, sem deixar que se incendeie. Os outros temperos também costumam ser torrados, pois depois disso é necessário colocar o conteúdo em um pano fino, como o utilizado para fraldas de algodão, enrolado, e golpeado com um bastão para ir soltando o pó fino. Esse pó fino, sem resíduos, é o rapé pronto para ser inalado.

Um comentário:

  1. Eu faço uso do rapé... Herança do meu avô materno, Antônio Thomaz!
    Uso, desde os rapés tradicionais até os indígenas, com propriedades medicinais...
    Tenho 50 anos e moro em Paripueira Alagoas.

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